A vulnerabilidade do mundo a novos riscos de choques
econômicos e turbulência social está enfraquecendo o progresso gerado pela
globalização. É o que mostra o Global
Risks 2012, relatório da Marsh & McLennan Companies, produzido em
parceria com a Swiss Re, Wharton Center for Risk Management e Zurich. O Global Risks 2012, apresentado
ontem em Londres, será debatido no próximo Fórum Econômico Mundial, que
acontece em Davos, de 25 a 29 de janeiro.
De acordo com o
Global Risks 2012, desequilíbrios fiscais crônicos e crescente
disparidade de renda são os riscos de maior probabilidade de ocorrência nos
próximos 10 anos. Tais fatores conjugados também ameaçam o crescimento global e
favorecem o nacionalismo, o populismo e o protecionismo, enquanto o mundo continua
vulnerável a uma crise financeira sistêmica e à escassez de água e alimentos.
Este cenário resulta de uma pesquisa que detectou a opinião de 469
especialistas e líderes setoriais. Em comparação com um ano atrás, o foco das
preocupações se deslocou dos riscos ambientais para os riscos socioeconômicos.
O relatório analisa
três grandes e preocupantes áreas de riscos. O primeiro deles é a crescente
população de jovens com poucas perspectivas, crescente número de aposentados
dependentes de Estados presos ao fardo da dívida (alimentando, por sua vez,
desequilíbrios fiscais) e o abismo cada vez maior entre ricos e pobres são
fatores que geram indignação. Juntas, essas tendências arriscam desfazer o
progresso promovido pela globalização.
Segundo John Drzik,
diretor geral do Oliver Wyman Group (Marsh & McLennan Companies), os
indivíduos são cada vez mais levados a arcar com riscos que, anteriormente,
eram assumidos por governos e empresas para obter uma aposentadoria segura e
acesso a serviços de saúde de qualidade. “Este relatório é um alerta para que
os setores público e privado encontrem maneiras construtivas de reajustar as
expectativas de uma comunidade global cada vez mais ansiosa”, afirma o
executivo.
Outros riscos
evidentes são as políticas públicas. As normas e as instituições do Século XX
não asseguram mais a proteção necessária diante de um mundo mais complexo
e interdependente. As salvaguardas atuais são vulneráveis aos riscos
relacionados às tecnologias emergentes, interdependência financeira,
esgotamento de recursos naturais e mudanças climáticas. “Já vimos exemplos de
regulamentação excessiva, como na reação às erupções vulcânicas na Islândia, ou
regulamentação deficiente, como na crise do subprime ou na crise da zona do
euro. Precisamos restabelecer o equilíbrio com regulamentações adequadas e,
para tal, nossas salvaguardas têm de ser baseadas na ação proativa em vez de
reativa. É igualmente importante que as regulamentações sejam mais flexíveis
para responder com eficácia às mudanças”, diz David Cole, diretor de Riscos da
Swiss Re.
Segundo o
relatório, as “vidas” cotidianas são quase totalmente dependentes de sistemas
on-line conectados, tornando-nos suscetíveis a indivíduos mal intencionados,
instituições e nações que detêm a capacidade de desencadear ataques
cibernéticos devastadores, de maneira anônima e à distância. “A Primavera Árabe
demonstrou o poder dos serviços de comunicação interconectados na construção
das liberdades individuais, mas a mesma tecnologia facilitou os tumultos de
Londres. Governos, sociedades e empresas precisam compreender melhor a
interconectividade dos riscos nas tecnologias da atualidade a fim de podermos
aproveitar, de forma legítima, os benefícios que elas oferecem”, explica o
diretor de riscos de seguros gerais da Zurich, Steve Wilson.
Além disso, as
calamidades naturais nos lembram do poder devastador da natureza e dos limites
da tecnologia, conforme demonstrado pelo Grande Terremoto do Leste do Japão no
ano passado e pela subsequente tragédia na usina nuclear de Fukushima. Em um
capítulo especial sobre as principais lições a serem extraídas da calamidade, o
relatório salienta que as organizações estarão mais bem preparadas para lidar
com grandes choques se tiverem claras linhas de comunicação e se os seus
funcionários, em todos os setores, atuarem com maior autonomia para a tomada de
decisões.
O relatório
descreve 50 riscos globais, agrupando-os nas categorias de riscos econômicos,
ambientais, sociais, geopolíticos e tecnológicos. Em cada categoria, é
selecionado o risco sistêmico mais significativo. O relatório destaca novas
preocupações que demandam mais pesquisas em decorrência das suas consequências
desconhecidas. Estas preocupações, denominadas "Fatores X", incluem
entre outros a ocorrência de invernos vulcânicos, o neotribalismo cibernético e
a epigenética.
De acordo com
Howard Kunreuther, professor da James G. Dinan e de Teoria da Decisão e
Políticas Públicas da Wharton School, Universidade da Pensilvânia, EUA, o
relatório mostra que a governança global está estreitamente entrelaçada com
todos os demais riscos globais. O relatório propõe que sejam repensadas as
responsabilidades públicas e privadas para fomentar maior confiança. Esta é a
base essencial para um diálogo sobre os impactos adversos do pensamento míope e
sobre a importância de se desenvolver estratégias de longo prazo que sejam
factíveis e bem recebidas.
Cada uma das três
áreas de riscos será foco de sessões especiais durante a Reunião Anual de 2012
do Fórum Econômico Mundial, que acontecerá em Davos-Klosters, Suíça, de 25 a 29
de janeiro.
Pergunto: De que forma a ISO 31000 pode ajudar no gerenciamento dos riscos
apontados no Global Risks 2012 ?
Venha discutir o
relatório no nosso grupo: http://linkd.in/SucessoSustentado
!